O que esse papo de “Netflix dos quadrinhos” traz de bom para o mercado nacional

Com a proximidade do lançamento (em agosto) a plataforma Social Comics ganha cada vez mais espaço na mídia. Outra que segue na mesma linha é a Cosmic (prevista para novembro), só pra ficar nas nacionais. Atreladas ao apelido de “Netflix dos quadrinhos” (por conta do modelo de assinatura mensal que permite acesso a vasto acervo de HQs), já podem ser consideradas de extrema relevância para o mercado, talvez até revolucionárias. E isso, mesmo antes de efetivamente estarem disponíveis ao público.

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Analisemos o que já é possível. Ou seja, as informações divulgadas, as entrevistas realizadas. Nesta área, muito mais barulho tem feito a Social Comics, vamos nos ater a ela neste momento. A principal virtude, do ponto de vista de mercado: o lançamento da plataforma se baseia num plano de negócios que não é reducionista, como de praxe, pelo contrário. Sua ambição é que a torna tão relevante neste momento. Porque segue a lógica das startups de tecnologia, não do mercado quadrinístico convencional, baseado principalmente no modelo de impressão de publicações.

E este é um terreno relativamente novo. Que não tem uma solução definitiva no mercado, embora existam grandes empresas atuando. Mesmo pensando no âmbito mundial: a própria ComiXology (que vem se tornando a principal comercializadora de HQs, por reunir as grandes editoras norte-americanas) ainda não disponibilizou um serviço assim de assinaturas, embora já tenha voltado os olhos para esta área.

É muito gratificante ver um grupo nacional pensando grande assim. Pois uma postura dessas é fundamental para movimentos, transformações efetivas no cenário. Neste momento que ainda há muita incerteza sobre os caminhos que o mercado vai tomar, por que uma turma brasileira não pode se tornar referência para o mundo? Pra quem ainda estranha o potencial criativo e tecnológico nacional, vale lembrar o exemplo recente do Kinect, acessório desenvolvido para o videogame Xbox numa equipe liderada por um brasileiro. E isso foi divulgado em 2009… Um acerto é pensar globalmente, mas iniciar com um foco local. Pois num primeiro momento, serão comercializadas assinaturas apenas no Brasil, embora já se aceite a disponibilização de material em inglês.

Outra coisa é que aparentemente a empresa tem buscado agregar parceiros de características complementares. Somar forças é fundamental para qualquer negócio, mas às vezes isso é esquecido no meio dos quadrinhos. Para o modelo de negócios, garantir um vasto acervo é fundamental. Daí a importância de já terem anunciado parcerias com editoras nacionais como Mythos, Devir, o Instituto dos Quadrinhos e a revista Mundo dos Super Heróis. Além de manterem negociações com a Panini, maior publicadora do país e que reúne conteúdo da DC, Marvel, além do maior produtor nacional, Mauricio de Sousa Produções.

Se o discurso se refletir de fato na mentalidade aplicada na realização, bons resultados virão. Porque a lógica da startup é a de reinvenção rápida, adaptabilidade e de utilização da tecnologia para crescimento por vezes em escala exponencial, permitindo boa captação de investimentos iniciais para dar fôlego à  empresa.

Torcer agora para que a iniciativa possa se desenvolver naturalmente, atendendo à demanda peculiar do país e permitindo também a proliferação e rentabilização da produção independente de quadrinhos.

Saiba mais sobre o Social Comics:

E sobre a Cosmic, visitando o site