Batman – O Cavaleiro das Trevas: mais que um filme baseado em quadrinhos

“O Cavaleiro das Trevas”, subtítulo que acompanha o novo filme do Batman, já significava muito para os leitores de quadrinhos (por conta da minissérie de Frank Miller, que traçou nos anos 80 o morcego durão do novo século). Agora se torna também um marco para o cinema.

O diretor Christopher Nolan (o mesmo de Batman Begins) conseguiu a façanha de agradar fãs do morcego e espectadores em geral. Mas, ao contrário do que o título pode indicar, ele não escolheu um caminho fácil: produziu uma história inédita do herói, não se trata de uma adaptação da HQ de Miller. E se deu bem: construiu um ótimo filme policial de ação, acima de tudo (ou seja, o tornou maior que uma simples adaptação de quadrinhos). E não é um daqueles descerebrados: há questões filosóficas, sociais e políticas em jogo; as motivações dos personagens são muito bem exploradas, há muitas tramas paralelas para culminar num final arrebatador. A ação não pára: tem sempre alguma coisa acontecendo, a história sempre caminha num bom ritmo (às vezes frenético, outras nem tanto), não tem enrolação.

Gotham City, está cada vez mais à beira do caos, por conta da violência e corrupção. Porém, parece finalmente ter encontrado uma solução: o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), um sujeito incorruptível que parece ter a coragem necessária para enfrentar os chefões do crime (coisa que até mesmo o prefeito não tem). Homem honesto, íntegro e que enfrente a criminalidade de cara limpa, ao contrário de Batman (que é também temido por parte da população, que credita a ele violência e mortes).

E é a hora dos heróis surgirem. Porque o submundo do crime vê a aparição de um novo elemento, cruel, sádico e dono de um senso de humor negro doentio: o Coringa, magistralmente interpretado por (Heath Ledger). O insano vilão é tido como uma formiguinha entre os gigantes criminosos, mas vêem nele o único que talvez tenha chance contra o Batman, sujeito que teima em atrapalhar seus planos.

O circo está armado. Bruce Wayne se questiona sobre seus atos ao ver como Dent consegue se impor frente à corrupção e criminalidade (o fato da antiga namorada – Rachel Dawes, com a atriz Maggie Gyllenhaal substituindo Katie Holmes – agora ser a atual do promotor dá uma certa ajudinha nisso, claro). O vilãozinho de segunda se revela um terrorista insano, com arrombos de grandiosidade. Dent se vê em meio ao “tiroteio”, a força policial do tenente Gordon (Gary Oldman, muito bem) vai entrar na luta também. Há até ameaça de desmascararem o morcego…

O roteiro se inspira em alguns momentos dos quadrinhos, mas não se preocupa em reproduzi-los. É a melhor forma de homenagem: respeita as HQs, mas também respeita a mídia diferente que é o cinema. Os primeiros minutos são o sonho de todo fã de quadrinhos: neles, o espectador vê uma continuidade natural do primeiro filme, uma seqüência que mostra só mais uma noite de combate ao crime… Ainda é difícil ver um sujeito vestido de morcego zanzando por aí. Só que, mais uma vez, as cenas em que ele aparece são muito bem escolhidas, assim como a forma como isso acontece. Tanto que há momentos nos quais Wayne age de cara limpa (não dá pra vestir uma armadura daquelas de uma hora pra outra), tornando a ação mais próxima da realidade.

Meu único senão é quanto à duração do filme. O diretor preferiu resolver alguns assuntos no final (e não vou dizer quais, você verá) que poderiam ficar para uma outra oportunidade. Com isso, a produção ficou longa (142 min) e, mesmo com um roteiro bem feito e tramas intercaladas, dá uma canseirinha no final (tá, podem jogar pedras). Mas isso não invalida a ótima experiência cinematográfica que é conferir o novo Batman.

Nota Sapos Voadores: 9,5 (de 10)

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