Um belo dia eu ouvi falar dos tablets e desde então o gadget não saía da minha cabeça. Pra um aficcionado por quadrinhos, internet e novas tecnologias, parecia ser uma bela duma novidade (como comentei em textos anteriores como aqui e aqui).
Mas como conseguir um?
Depois de me espantar com o preço (mais caro que notebooks básicos), o primeiro passo foi procurar promoções por aí. Afinal de contas, não tinha nem justificativa pra pensar em fazer uma dívida pra isso. Só que, mesmo de graça, não era o caso de sair atrás de toda e qualquer promoção (quando a procedência é duvidosa podem gerar estrago como ser integrado a rede de spams, coisa e tal).
Mas eu sabia que não dava simplesmente pra contar com a sorte, tinha que fazer acontecer. Me empenhei na pesquisa pra definir qual seria o aparelho. Claro que os chineses-genéricos eram bem mais baratos, mas a maioria tinha tela pequena (até 7 polegadas), que não era suficiente pra leitura de HQs (como comprovei ao analisar o Kindle). E pior: não se achava por aí pra manusear pra conhecer (só sob encomenda, mas encomendar algo que nunca vi, que nem barato é?). Passei um tempo em lojas testando Galaxy Tab, Ipad e Xoom, paralelamente à uma atividade que se tornou razoavelmente comum em minha casa desde o início do ano: caçar coisas pra vender.
Como todo nerd que se preze, tenho algumas coleções de coisas interessantes e antigas estocadas. Estava precisando liberar espaço e de dinheiro, daí a ideia de colocar coisas pra vender no Mercado Livre (o popular ML). Até então só tinha comprado umas duas coisas por sites semelhantes, mas foi razoavelmente fácil, até porque eu sabia que o que estava colocando pra vender iria interessar.
Fiz vendas pelo site e algumas até diretas a interessados (que perguntavam de itens específicos depois de estabelecer confiança com compras bem-sucedidas pelo ML). Em 22 de março eu já twittava que meu projeto “tablet 2011” andava firme e forte, mesmo não tendo ganho um sorteio.
Paralelamente, me defini pelo Ipad pela questão custo-benefício. E estava amadurecendo a ideia de comprar um usado, também via Mercado Livre. Eis então que no fim de maio, aproximadamente quatro meses depois do início do “projeto”, já tinha conseguido o dinheiro pro tablet. Enquanto acompanhava anúncios no ML, fazia perguntas e até entrava em algumas disputas em leilão, veio o componente de sorte: graças a uma amiga que viajava ao exterior, pude cogitar adquirir um aparelho novo, um Ipad 2, por quase o mesmo preço que estava disposto a pagar por um usado.
No final da semana passada o tablet chegou às minhas mãos. Mais uns dias testando, fiz uma rápida pesquisa e comprei uma capa e película protetora (me parecem ser imprescindíveis, mas não há por que pagar os que a Apple vende, muito caros).
Posso dizer então que a aquisição do Ipad 2 + capa + película protetora demorou aproximadamente seis meses e não levou nenhum dinheiro. Custou sim estes objetos (tirados de minhas coleções e/ou “do fundo da gaveta”):
– 1 videogame Mega Drive, com 3 joysticks e 3 cartuchos;
– 1 videogame Phantom System (com defeito) com 2 joysticks e 5 cartuchos;
– 1 videogame Gameboy (com defeito) com 2 cartuchos;
– 1 minissérie HQ Grandes Astros Superman;
– 1 minissérie HQ Justiça;
– 8 cartas de Magic the Gathering (1 Maze of Ith, 4 Taigas e 3 Force of Will)
Rendeu um belo sentimento de conquista, devido a todo o processo de conseguir reunir dinheiro sem efetivamente meter a mão no bolso. E mesmo descontando os custos de envio e taxas, a lista acima ainda rendeu uma diferença que guardei para outras situações (e vale dizer que diminuí bastante o ritmo de caça-às-coisas-pra vender, mas não parei, o armário ainda tá cheio 🙂 – veja minhas vendas no ML.
Essa coisa de vender pela internet também foi proveitosa de outras formas. É interessante ver como algo que parece não ter valor pra uns podem interessar a outros (como videogames quebrados, creio que o comprador tenha comprado pra consertar e revender ou até usar, se for fã). Como há gente mal-educada na internet. Como funciona um processo de decisão de compra pra alguns. Como há gente com dificuldade em compreensão de texto. Como jogar Magic the Gathering é uma atividade cara (pra jogar em alto nível), ainda bem que eu parei :).
E por aí vai.
Então, se você se animou a fazer algo na mesma linha, vá vasculhar seu armário. Ou tenha outra ideia (há quem se cadastre em toda e qualquer promoção, por exemplo há uma atualmente para o Xoom que eu tô de olho). Se é realmente importante pra você, dará um jeito de conseguir – deve haver “n” formas de dar um jeito nisso sem envolver você simplesmente botar a mão no bolso.
No mais, vou me familiarizando com o “brinquedo” novo, testando leitura duns quadrinhos aqui, aplicativos acolá. E aos poucos coloco coisas interessantes que descobrir aqui no blog.