O coletivo de quadrinistas Quarto Mundo chegou ao fim, após 5 anos. O anúncio oficial tá lá no blog.
Mas por lá também uma informação interessante aos leitores: tudo vai acabar em festa no próximo sábado, 15/12/12, 18h, na HQ Mix Livraria, em São Paulo (R. Tinhorão, 124 – Pacaembu, São Paulo e tel: 11 3259-1528), com revistas do selo vendidas com desconto, sorteios e outras atividades.
Considerando o que rola por aí sobre o final do grupo, como os posts no Blog dos Quadrinhos, no do Cadu Simões (que, na verdade, já tinha saído há algum tempo do coletivo) e o do Mario Cau, parece que o clima festeiro faz sentido. Pois o processo está sendo encarado com apenas o fim de um ciclo, um desenrolar natural para essa história.
A atividade do quadrinista pode ser bastante solitária, cada qual criando em seu canto. E o mercado de quadrinhos sempre foi sujeito a altos e baixos. Quando surgiu em 2007, o Quarto Mundo demonstrava não apenas que um caminho para o quadrinho nacional passava pela força dos independentes como também que o pessoal dessa praia tinha condições de se organizar. Dividir trabalho, combinar uma melhor distribuição de suas publicações pelo país, cuidar da divulgação… Tudo ancorado pelo poder da internet, com blog próprio (que na época tinha o Quinto Mundo, fórum bacana de discussão hoje hospedado no Petisco).
Saíram pelo selo do coletivo publicações como a Nanquim Descartável, do Daniel Esteves, a Café Espacial (editada pelo Sergio Chaves), Pieces, do Mario Cau, e tantas outras (pode dar uma sapeada aqui). Trabalhar um modus operandi mais profissional possível (sendo independente), estimular a produção contínua e fazer “barulho” em busca do desenvolvimento da produção e do mercado de HQs brasileiro eram forças motrizes do coletivo.
Cinco anos depois, o ambiente mudou, o mundo mudou. As pessoas (incluindo quadrinistas) estão mais ligados às possibilidades do meio digital, da internet, do financiamento colaborativo – o crowdfunding – tudo em prol do movimento dos quadrinhos. Mas, mesmo se considerarmos o panorama mundial, as HQs nesta área estão apenas engatinhando, de modo que estamos num patamar não muito distante em relação a mercados mais desenvolvidos. Principalmente em relação à tecnologia. É o caso então de focar em produção de qualidade adequada ao mercado (nacional ou internacional), ao mesmo tempo em que se busca o desenvolvimento do mercado brasileiro.
Como lembrou Cadu Simões, o movimento ficou mais descentralizado, mas cada grupo tem lá sua força. O coletivo Petisco, de certa forma, só existiu por conta do Quarto Mundo. Reúne o trabalho de artistas como o próprio Simões, mais Daniel Esteves e Mario Cau (entre outros), também angaria colaboradores e acaba de lançar seu álbum financiado coletivamente via Catarse.
Ou seja, a produção continua e isso é que importa. De modo que é nítido que o final do Quarto Mundo não seja cercado de tristeza e sim de festa, por ser um sinal de mudança evolutiva e não de passos pra trás. Há de se brindar a isso.
[Agora, quanto ao fim dos tempos previsto pelo calendário Maia pra 21.12.2012, deixo com vocês a questão… 🙂 ]
No mais, que venham outros coletivos, outros artistas, outros quadrinhos e que as HQs possam galgar cada vez mais o espaço que merecem no cenário artístico e cultural.