Hancock, Mutantes, os quadrinhos, as novelas e o cinema

Os quadrinhos estão cada vez mais conectados ao cinema. Homem de Ferro e O Incrível Hulk já deram as caras. Hellboy 2 – O Exército Dourado, Batman – O Cavaleiro das Trevas e Procurado vêm por aí… Mas o filme que mostra bem como funciona essa nova tendência Hollywoodiana é a comédia de ação Hancok, estrelado por Will Smith.

A produção tem algumas peculiaridades. Primeiro: apesar de tratar de um super herói, não é uma adaptação dos quadrinhos. Obviamente seu roteiro original bebe na fonte dos comics, mas brinca com alguns clichês, utiliza-se de outros e, acima de tudo, não carrega a responsabilidade de ser fiel a nada. Não espere grandes explicações, só o mínimo possível (o que torna o filme mais acessível ao público não versado em tramas super heroísticas). Mas as ações fazem sentido e o comportamento dos personagens condiz com o que aprendemos sobre eles (e isso já mostra mais do que muito filme blockbuster por aí, independente do gênero).

Hancock tem super poderes, voa bem rápido, é forte e, aparentemente, indestrutível. O único de sua espécie. Mas não é um herói. É um sujeito que vive bebendo solitariamente por aí e, eventualmente, tenta ajudar a deter criminosos. Só que acaba causando tanto estrago na cidade (numa perseguição, detona prédios, placas de trânsito e viaturas da polícia pelo caminho) que é mal visto pela população em geral.

Sua situação muda quando acaba salvando a vida de um relações públicas bem intencionado. Por gratidão e pela sua vontade de mudar o mundo, toma Hancock como seu projeto pessoal de remodelagem de imagem e comportamento. A premissa dá bastante pano pra manga e o filme traz algumas reviravoltas bacanas. O roteiro é simples, mas funcional. Will Smith está muito bem nesse tipo de papel que lhe cai com uma luva: o aventureiro engraçadinho, meio malandro.

Então é fato que a cultura pop quadrinística está se propagando. Já não é tão estranho discutir sobre super heróis, ou super poderes. Sim, representa um tipo de situação particular, mas já deixou de ser um prazer pra minorias. Aqui no Brasil temos um ótimo exemplo disso, com as telenovelas da Record que exploram a temática dos mutantes. É a forma de entretenimento mais difundida no país se rendendo à linguagem popularizada pelas HQs. Sim, ainda é bem forçado, os diálogos muitas vezes beiram o ridículo. Mas tem funcionado, tanto que a novela Mutantes deu seqüência à Caminhos do Coração mantendo a base de personagens, propagando a eterna luta entre o bem e o mal munido de super habilidades.

Já começa a ser possível pra nós, fãs de quadrinhos (e nerds em geral) discutir com o público comum sobre a qualidade de uma história pelo que ela apresenta: ela já não é mais prontamente rejeitada por apresentar uma temática bizarra de mutação, transformações e superpoderes. Não sei você, mas eu tenho esperado há um bom tempo pra isso acontecer.

E se você gosta de filmes de ação com um pouco de graça (ou de comédia com muita ação), fica a dica pra conferir Hancock, uma boa história que, por acaso, trata de um super herói desajustado.

Se você quiser conhecer cenas do filme Hancock, clique aqui e veja trailers e mais um monte de material sobre o filme. Também existe uma campanha viral em português, clique aqui e veja.

Pra saber mais sobre Os Mutantes da Record, dê um pulo no site oficial.

PS: Gostei do filme do Homem de Ferro, mas não é do nível de X-Men 1, como ouvi por aí. De todo modo, Robert Downey Jr. está muito bem como o herói. O Hulk melhorou em relação à versão do diretor Ang Lee, a ação é melhor dosada ao longo do filme e as idéias fazem mais sentido, embora o roteiro ainda seja meio capenga. Edward Norton como Banner é um ator bem melhor do que Eric Bana (da versão anterior). Porém, na comparação, perde para o desempenho do Downey Jr. E a Liv Tyler definitivamente não é páreo para a Jennifer Connely, atriz que fez a Betty Ross, namorada do Banner na primeira versão cinematográfica.

Parte da graça dos dois filmes está nas pequenas referências feitas ao universo das HQs dos próprios heróis e as pontas soltas já prevendo que vêm aí o filme dos Vingadores, unindo todo tipo de herói da Marvel possível (mais precisamente: Homem de Ferro, Capitão América, Hulk, Thor e Homem Formiga – quem não teve filme ainda terá nos próximos anos, antes da estréia da produção do super grupo).


Comentários

Uma resposta para “Hancock, Mutantes, os quadrinhos, as novelas e o cinema”

  1. Avatar de sofia martínez
    sofia martínez

    É bom, mas confuso. Hancock estreou nas telas, resultando em um enorme sucesso de público, provando o “Star Power” por Will Smith. E apesar de muitos diretores, Berg, finalmente, conseguiu fazer a proposta, apresentando um filme com uma ideia pouco e subutilizado torna-se visto, mas ao longo branda. Não há cenas absurdas (exceto alguns detalhes da conversa chave entre Smith e Theron), a ilegalidade ou mesmo divertido cenas de ação. OK, mas com uma assustadora falta de alma.