A imprensa do final dos anos 80 dava um espaço bacana para os quadrinhos. Foi por meio de reportagens nos grandes jornais de São Paulo que tive meu primeiro contato com o universo das HQs de super heróis.
Foi assim que eu soube que o Homem-Aranha iria mudar de uniforme, para um todo negro. E que o Batman faria 50 anos e teria uma série de especiais lançados. As reportagens eram bem detalhadas e me arrisquei finalmente a comprar a primeira edição do aracnídeo de preto. Mas o impacto maior estava por vir, graças ao Rato.
Rato era o apelido de um garoto que estudava na minha classe na sexta série e eu pouco conhecia: era repetente, mais velho, e por isso tinha aquela “aura” que assustava os outros alunos… Mas eu sabia que o figura gostava muito do Batman.
Certo dia, calhou de fazermos um trabalho em grupo. Acabei puxando papo sobre quadrinhos, meio que reproduzindo tudo o que conseguia lembrar das matérias. Ele achou que eu era um leitor assíduo de super heróis e, a partir daí, volta e meia fazia comentários sobre novos lançamentos, especialmente do homem morcego.
Vejam, eu nunca tinha dito que lia as histórias de heróis, só fazia comentários sobre elas. Mas ele puxava tanto papo sobre isso (e eu já gostava de HQs mesmo), que um dia arrisquei: tinha lido sobre um especial do Batman chamado “As Dez Noites da Besta”. Fui até a banca e comprei, devorando tudo logo em seguida.
Nossa, os heróis podiam sangrar! Morria gente! O Batman protegia o presidente de verdade dos Estados Unidos! Quanta coisa era possível!
Tarde demais, estava fisgado: depois disso, passei a comprar praticamente todo especial do morcego que ia às bancas e tinha mais assunto pra comentar com o Rato, que virou um confidente sobre HQs, embora nunca tenha realmente se tornado meu amigo…