A força da HQ independente nacional e o crowdfunding em 2013


E então o ano começou (carnaval já foi cedo). O dia do quadrinho nacional já rolou, e uma HQ dos até foi apontada entre os grandes momentos da produção cultural brasileira, em qualquer gênero (no caso, a série-álbum Daytripper, dos irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá, e o destaque, feito pelo antropólogo Hermano Vianna).

E as HQs estão com tudo mesmo. Neste começo de ano, quadrinhos são destaque na plataforma de financiamento colaborativo Catarse. Por meio do crowdfunding, diversos quadrinistas estão conseguindo viabilizar suas produções. Dos 11 projetos de HQ com prazo pra angariar fundos terminando este ano, 8 foram bem sucedidos, dois ainda estão em plena campanha e apenas 1 não atingiu a meta.



Muitos artistas têm conseguido não apenas o financiamento dos fãs, mas até superar as metas iniciais, por vezes até antes do prazo previsto. No caso dos Combo Rangers, Fábio Yabu conseguiu alcançar R$ 50 mil em 3 semanas de campanha, sendo que a meta era de R$ 40 mil pra finar o primeiro álbum da trilogia.  Terminada a arrecadação, o total de R$ 67.480 já fazia o autor declarar que a produção do segundo álbum também já estava garantida, graças aos fãs. Yabu postou um texto bacana sobre o que aprendeu neste processo do Catarse.

Há quem se engaje por conta do projeto em si. Outros, por confiar nos proponentes. Outros, por confiar na indicação de um amigo. Não importa, para quem colabora, muitas coisas a considerar:

Estão a fazer uma pré-compra de um produto. Garantem condições e brindes especiais e, na maior parte dos casos, passam a constar em créditos de agradecimentos do projeto. Ajudam diretamente a viabilizar o projeto, seja com dinheiro, seja ajudando a espalhar as ações por meio de suas próprias redes de contatos. Ajudam, em muitos casos, a bancar a vida dos artistas durante certo período (uma espécie de mecenas temporário). E mostram à comunidade sua condição de “fã-premium” e podem colaborar praticamente sem intermediário.

É um prato cheio para o mercado independente de quadrinhos nacionais, que funciona exatamente por conta da movimentação dos fãs, do boca a boca. E não é demais lembrar que os próprios gêmeos Bá e Moon, citados no início deste post, também começaram a difundir seus quadrinhos no meio independente. Amadureceram seu discurso, seu traço, sua obra e assim conseguiram trabalhos para editoras nacionais e internacionais e hoje podem dizer que vivem de seus quadrinhos.

A qualidade dos projetos é sempre ponto pra discussão. Mas creio que aquele que abriu as portas do crowdfunding no Catarse, Achados e Perdidos, lançou também um bom padrão a ser seguido, tanto no conteúdo, quanto no pacote gráfico. Cada um tem lá suas preferências, então vou destacar 3 entre os projetos em andamento:

O Monstro, de Fábio Coala, é uma graphic novel do personagem conhecido por HQs e ilustrações  regulares publicadas no site Mentirinhas, divertidas e por vezes dramáticas e/ou filosóficas. Já alcançou a meta, mas vale a aquisição do exemplar, além da chance de dar um fôlego financeiro ao Coala (que previa apenas “segurar as pontas” por 3 meses com uma pequena fatia do valor pretendido). Aceita colaboração até 20 de abril.

Gnut, de Paulo Crumbim, é um projeto que mistura webcomics, livro impresso e game. Ele já tem trabalhos online com estes personagens, arte e narrativa visual (com balões sem texto compreensível) são bacanérrimas, vale conferir. Enquanto escrevo este post, 18% do valor já foi obtido e a arrecadação encerra em 20 de abril.

Libre – Uma revista impressa com trabalhos do coletivo de mesmo nome, que mantém quadrinhos em áginas de Facebook e sites. Na página do projeto, uma amostra das artes e os links de outros trabalhos do grupo, pra te animar a apoiar. Outro que já passou da meta de financiamento, mas você ainda tem até 29 de março de 2013 pra colaborar.


Pra quem se empolgou em criar um projeto pode se informar na base de conhecimento do Catarse.

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